Estamos vivendo já o clima do Natal, o que, aliás, quer
dizer também clima de Ano-Novo. Em termos de folclore, é importantíssimo
o chamado "ciclo natalino", que vai de 24 de dezembro (véspera de
Natal) até 6 de janeiro (Dia de Reis).
O tradicional e autêntico Natal gaúcho, dentro desse
ciclo, tinha presentes (dos pais para os filhos e dos padrinhos para os
afilhados, só), terno de reis (não em todo o Rio Grande do Sul, mas em
certas regiões bem delimitadas), tinha presépio, pinheirinho de Natal e a
presença dos três reis magos que trouxeram os presentes para o menino
Jesus. Tinha também no litoral gaúcho a dança da Jardineira e o Pau de
Fitas, este último salvo do desaparecimento pelo tradicionalismo.

Mas o Natal gaúcho mudou muito. Antes os presentes eram deixados pelos pais e pelos padrinhos (presentes simbolicamente trazidos pelos três reis magos) nos sapatinhos dos filhos ou afilhados, colocados no lado de fora da casa no amanhecer do dia 6 de janeiro. Hoje os presentes são entregues por todo mundo na noite de 24 de dezembro, e já está para sempre entronizada via comércio a figura de um Papai Noel que nos chegou dos Estados Unidos, em trenó puxado por quatro renas e com traje feito para enfrentar a neve. Claro está que o Brasil, país tropical que vive o Natal no verão, não tem neve, nem trenó, nem renas... Mas, enfim, a força do comércio é tanta que nos empurrou isso tudo goela abaixo.
Mas o tradicionalismo resiste: o Papai Noel não entra em galpão de CTG.
Vamos, então, dar presentes para os nossos filhos e afilhados em nome dos três reis magos, que são a verdadeira tradição gaúcha. Que os nossos CTGs, a cada ciclo natalino, montem nos seus galpões presépios e a árvore de Natal de tradição alemã, perfeitamente autêntica. Vamos receber os três reis magos e, nas regiões onde o terno de reis ainda é cultuado, recebê-lo com todas as honras de estilo, cantando do lado de fora até o "dono da casa" abrir a porta e acender a luz. E vamos também revalorizar os "Cantori dela Stella", os ternos de atiradores e outros que existem ainda nas regiões coloniais gaúchas.
(Fonte - http://tradicionalismogaucho.arteblog.com.br/237881/Natal-Gaucho/ )