quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Conceitos Básicos: Nativismo


“Os valores do culto a Tradição mais característica do Rio Grande do Sul são o nativismo, a coragem, a hospitalidade, a honra, o respeito a palavra empenhada, o cavalheirismo, alem de outros.

     Assim vê-se desde logo que o Nativismo não é um culto, como a Tradição, mas um dos valores desse culto. Nativismo é o amor que a pessoas tem pelo chão onde nasceu, onde é nato.” 

     Antonio Augusto Fagundes “é tudo aquilo que é próprio do local de nascimento, natural, não adquirido e que conserve as características originais. É o sentimento de defesa e amor ao pago nativo...” 

     Odalgil Nogueira da Camargo “é tudo aquilo que é próprio do lugar nato, (de naturalidade), portanto não é adquirido, mas conserva as características naturais (originais)” 

     José EstivaletEdilberto Teixeira diz que "nativismo é a qualidade do nativista. É aquele que é contrário, que é infenso a estrangeiros. Tudo o que é próprio do lugar de nascimento, que é ingênito, natural, não adquirido. 

     Em filosofia, nativismo é a teoria das idéias inatas, independentes da experiência".Antonio Augusto Fagundes afirma que é comum chamar-se de nativismo a arte que nasce da terra, que fala, que canta, que enfoca e que valoriza as coisas da terra dizendo-se: poesia nativista, canção nativista, música nativista, muito embora saibamos que a expressão correta para designar a corrente artística que valoriza os temas da terra seja "regionalista gaúcha".
 
( Fonte - Retirado do texto ‘Conceitos importantes para a compreensão da identidade do gaúcho’Autor: Manoelito Carlos Savaris, Historiador.Presidente da Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore.
Origem: Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore )

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Rodeio Crioulo na Cultura Gaúcha

     
     Parar rodeio é a ação de se juntar todo o gado de uma invernada em um certo lugar já determinado. Os antigos tinham por hábito assinalar o local do rodeio cravando um pau alto e nele dependuravam um couro; também servia para chamarisco do gado.

     Para um pelado de rodeio era escolhido sempre um lugar plano e no alto de uma colina. Em uma invernada de 10 ou 20 quadras podia haver dois rodeios. A finalidade do rodeio era para se revisar o gado, dar sal, curar os abichados e terneiros recém-nascidos, como apartar, se fosse necessário certos animais como auxílio do sinuelo.

     De preferência os rodeios eram tocados ao clarear do dia. Ao chegarem na invernada o patrão ou capataz distribuía o pessoal. Cada um saía para um costado; nada de dois peões juntos. Salvo, em casos difíceis, como tirar um boi da manheiro do mato, sanga ou lagoa. O gado era levado para o rodeio às portas, tocado aos gritos de peões e cachorros. 


     Cerrado o rodeio, o patrão determinava a peonada. Dois ou três dos mais moços ou guris ficavam encarregados de atacar o rodeio. Aos demais campeiros, tocava de laçarem as reses abichadas. 

     Dois gaúchos boleavam a perna, maneavam seus cavalos e , a pé, preparavam-se para curarem as bicheiras dos animais que eram trazidos ou afastados no laço até ao seu alcance. Os curativos eram feitos com criolina, vinda em vidros retovados de couro, e esterco de cavalo seco e esfarelado, trazido em uma sacola feita de um cano de bota. Com ambos na palma da mão, faziam uma massa que era introduzida nos buracos da bicheira, os ferimentos e no umbigo dos terneirinhos abichados.

     O sal era levado em uma carrocinha de cincha puxada por um piá a cavalo. Era distribuído ao gado em pequenos montes depositados no pasto, distanciados um do outro de dois corpos de animal, formando um grande círculo; issto depois de terminado o serviço no rodeio. Ao abandonarem o rodeio, os gaúchos apartava, os animais cujas bicheiras fossem de gravidade para serem, com mais atenção, cuidados no potreiro. Parava-se os rodeios cada 20 dias, nestes intervalos o gado era cuidado com recorridas de campo.

     Hoje em dia, com o "atropelo" do carrapato, não se costuma mais parar rodeio para costeio, porque o gado é levado ( no máximo 50) a cada 12 ou 15 dias para a mangueira a fim de ser banhado.
 
     Atualmente há outra interpretação da palavra rodeo. As vezes os jornais trazem estampados: "Grande Rodeio em Vacaria ou Alegrete"- estes rodeios diferem do que acima foi descrito. São espetáculos festivos apresentados nas cidades, a fim de demonstrar ao público cenas gaúchas verídicas, proezas que eram realizadas nas estâncias e nos campos. Este tipo de rodeio é criação dos americanos. Porém, deve, entre nós, ser apreciado e mantido com entusiasmo. Nestes espetáculos o povo pode avaliar a perícia e costumes tradicionais de que eram capazes os gaúchos.

(Fonte: Camperismo Gaúcho - Orientações práticas.)