terça-feira, 26 de julho de 2011



"Nossas Raízes"

     O temário proposto para os Festejos Farroupilhas 2011 foi aprovado pela Comissão Estadual, no mês de dezembro de 2010 e homologado pelo Congresso Tradicionalista Gaúcha, do MTG, em janeiro de 2011. 

Festividades da Semana Farroupilha
     A proposta é bastante abrangente e tem como objetivo explorar a história do Rio Grande do Sul e buscar, em alguns episódios e períodos, indicadores da identidade do povo gaúcho. Rebuscar a história e retirar dela os aspectos que melhor retratem a formação sócio-cultural do nosso Estado é tarefa que não se esgotas nesse ano de 2011, mas haverá de nos ajudar a entender um pouco mais a nossa identidade cultural regional. 

     Cada município do Estado ou cada microrregião poderá aprofundar um ou mais tópicos entre os que estão sendo propostos neste temário. Esse aprofundamento se dará em função da característica local, especialmente pela predominância ou influencia maior de uma ou de outra etnia.  Para bem desenvolver a idéia de explorar as raízes da formação sócio-cultural do gaúcho sul-rio-grandense foram selecionados os seguintes momentos da nossa história:
 
1. OS JESUÍTAS NO TERRITÓRIO GAÚCHO
               
Festividades da Semana Farroupilha
     As reduções jesuíticas constituídas entre 1626 e 1641. A introdução do gado pelos Pe. Cristovão de Mendonça e Pedro Romero, o que resultou nas vacarias do Mar e dos Pinhais, além do uso do cavalo na lida campesina.  Mais tarde, com o retorno dos jesuítas ao território temos a formação dos Sete Povos das Missões. Deste segundo momento podemos explorar a questão da religiosidade, da expansão da erva-mate, as esculturas e a música (1682 a 1756). Importante estudar a Guerra Guaranítica (1754-1756) e suas consequencias.
 
2. A TERRA DE NINGUEM
                
Festividades da Semana Farroupilha
     O período compreendido entre a chegada dos jesuítas e a chegada dos portugueses caracterizou-se pela ausência de governo, de regramento e de organização mínima daquela “sociedade” que começava a aparecer, com predomínio da exploração do gado e o comércio do couro. Surge aí o tipo humano denominado “gaudério”, depois batizado de gaúcho. Foi nesse período que os portugueses instalaram a Colônia do Sacramento (1680), às margens do Rio da Prata e intensificou-se a movimentação de tropas entre Laguma e o Sacramento, especialmente pelo litoral. Surge, no cenário, Cristóvão Pereira de Abreu que é considerado o primeiro tropeiro. Esse tropeiro abre o primeiro caminho para levar tropas de gado e mulas do Rio Grande do Sul para a Província de São Vicente, hoje São Paulo. Era o início do tropeirismo.
 
3. FUNDAÇÃO DA PROVÍNCIA
                
Festividades da Semana Farroupilha
     A província de São Pedro do Rio Grande do Sul começa a tomar forma com a chegada de Silva Paes e a fundação de Rio Grande (Forte Jesus-Maria-José) – 1737. Aprofunda-se a iniciativa portuguesa de ocupação do território (também reivindicado pelos espanhóis) com a distribuição de sesmarias e a organização das estâncias. É a partir daí que são plantadas as bases sociais e econômicas do Rio Grande do Sul. Depois de Rio Grande, foi fundado Rio Pardo e, ali, surge a figura de Rafael Pinto Bandeira e sua atividade militar na defesa do território contra as invasões castelhanas: Rio Pardo, a tranqueira Invicta.
 
4. OS AÇORIANOS E A FUNDAÇÃO DE PORTO ALEGRE
                
Festividades da Semana Farroupilha
     O tratado de Madri (entre Portugal e Espanha) previa a troca da colônia do Sacramento pelos sete Povos das Missões, o que resultou na Guerra Guaranítica. Os portugueses planejaram ocupar as Missões com casais de açorianos e implantar na região uma espécie de colônia agrícola. Os açorianos chegaram a partir de 1754 e não puderam ser enviados para as Missões em função da Guerra, permanecendo na região litorânea e nas proximidades do Porto do Dornelles, fundando o Porto dos Casais, hoje Porto Alegre, a Capital do Estado. Eles ocuparam, também, as margens dos rios Jacuí e Taquari, fundando cidades como Triunfo e São Jerônimo. A agricultura ganhou impulso com os açorianos que se dedicaram ao cultivo de culturas como o trigo, milho e feijão. Os açorianos influem muito na implantação da cultura da família (a clã), até aquele momento praticamente desconhecida pelos habitantes que lidavam com o gado numa vida sem paradeiro. Dos açorianos temos muito das nossas músicas, danças, culinária, fé religiosa e modo de vida.
 
5. ÉPOCA DAS CHARQUEADAS (1780 – 1840)
                
Festividades da Semana Farroupilha
     A lida com o gado ganha um ingrediente importante a partir das charqueadas. Essa foi a primeira e mais importante indústria do Estado. Por largo período o Estado teve nas charqueadas seu motor econômico mais significativo.É no período das charqueadas que o uso dos rios e lagos como meio de transporte ganha impulso, especialmente entre Porto Alegre e Pelotas. A economia passa a depender da força de trabalho dos negros escravos trazidos para as charqueadas. Foi um período de grande crescimento econômico, especialmente de Pelotas e Rio Grande, mas também foi o período triste se analisado do ponto de vista humanitário ou do direito natural dos homens. Os negros foram tratados como simples animais nas charqueadas.
 
6. A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA PROVÍNCIA
                
Festividades da Semana Farroupilha
     A província de São Pedro do Rio Grande do Sul somente ganha uma administração própria no ano de 1809. Sob o ponto de vista da administração pública, esse é o momento em que o Estado adquire autonomia.  A partir da organização administrativa da Província, a Capital, Porto Alegre, se desenvolve e começa a ganhar contornos de modernidade com o surgimento de prédios e de uma arquitetura própria. Outro episódio importante daquele primeiro quarto do século XIX, é o desaparecimento da província Cisplatina e o surgimento do Uruguai (1828). Destaca-se para isso a Guerra da Cisplatina. O episodio mais significativo dessa guerra foi a Batalha do Passo do Rosário, não somente por ter protagonizado a maior concentração de tropas já vista na America do Sul, mas pelas suas conseqüências políticas.
 
7. COLONIZAÇÃO – PRIMEIRA FASE
                
     Imprescindível para a compreensão da identidade regional é reconhecer a importância da colonização do território por europeus. Primeiro chegam os alemães. Estabelecidos inicialmente na Real Feitoria do Linho Cânhamo (1825), hoje São Leopoldo, expandiram-se para o norte e oeste, ocupando grande parte dos vales. Foram os alemães que implantaram as primeiras indústrias (artesanato) no território gaúcho. Podemos destacar, além da culinária, também a música, a dança e o espírito do cooperativismo trazido pelos alemães. A nova “ética do trabalho” também se deve aos imigrantes.
 
7. REVOLUÇÃO FARROUPILHA
               
Festividades da Semana Farroupilha
     Episódio considerado como marco fundador da identidade regional, a Revolução Farroupilha teve início em 1835 com a tomada de Porto Alegre. Vale estudar as causas dessa revolução e o papel que a maçonaria desempenhou no fomento do conflito. A figura de Antonio de Souza Netto que patrocinou a proclamação da República Rio-Grandense (1836) merece ser bem estudada. Bandeira e Hino o hino da República Rio-Grandense foram uma conseqüência da proclamação de Netto. O episódio da tomada de Laguna e a criação da República Catarinense (1839) merecem destaque pelo significado político: os farroupilhas pretendiam implantar no Brasil uma República Federativa, integrada pelas províncias autônomas. O fim da revolta no ano de 1845, sem que os objetivos fossem alcançados, mas com conquistas importantes consubstanciadas naquilo que passou para a história como Paz de Ponche Verde, assinada nos campos de Dom Pedrito.
 
8. NA DEFESA NACIONAL
                
Festividades da Semana Farroupilha
     A tônica da história do Estado foi a defesa do território contra os interesses castelhanos. A Guerra contra Rosas (1854) é um marco importante nesse mister. Os mesmos farroupilhas que haviam lutado contra o Império Brasileiro foram os que defenderam o Brasil contra as pretensões expansionistas do ditador argentino. A Guerra do Paraguai (1865) foi outro episódio importante. Os gaúchos formaram vários “Corpos de Voluntários da Pátria” para a formação do exército da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), combatendo o Paraguai e seu ditador Solano Lopes. -Depois da Guerra do Paraguai tem início da modernização do Brasil e do Estado, com a implantação das estradas de ferro. Houve a partir de então uma significativa melhora nos transportes e na integração do território.
 
9. REVOLUÇÃO FEDERALISTA
                
Festividades da Semana Farroupilha
     No ano de 1889 instala-se a República Brasileira. O fim do Império dá início a um novo momento político. No Estado há uma intensa disputa pelo poder. As figuras de Julio de Castilhos e de Gaspar Silveira Martins surgem como estrelas da disputa política o que resultou na Revolução Federalista. A “guerra da degola”. Pica-paus e maragatos mancharam o território com o sangue dos gaúchos. Duas ideologias, duas facções, dois interesses convulsionaram o Estado por dois anos (1894-96). No final, a implantação da administração positivista. No ano de 1892, o Corpo Policial é extinto e no seu lugar surge a Brigada Militar como um exército estadual.
 
10. A COLONIZAÇÃO – SEGUNDA FASE – COMPLETA-SE O GHAÚCHO
                
Festividades da Semana Farroupilha
     A chegada dos Italianos no ano de 1875 marca a ocupação do último grande espaço territorial: a serra. Com sua força de trabalho, os italianos plantam cidades e imprimem um novo ritmo para a economia do Estado. Culturalmente contribuem com as suas danças, música, culinária, festas de comunidade e crença religiosa. Nesse período temos também a chegada de imigrantes Poloneses, Holandeses, ucranianos e outros grupos que, se não ocuparam grandes áreas, foram e são até hoje importantes para muitas comunidades do Estado. Neste ano de 2011 comemora-se o centenário da imigração Holandesa no Brasil. É o ano da Holanda no Brasil.
 
11. GAUCHISMO: CULTO E PRÁTICA
                
Festividades da Semana Farroupilha
     A identidade gauchesca começa a ser estudada, compreendida e difundida, mesmo que de forma romântica, com o surgimento do Partenon Literário em Porto Alegre (1858). Foi naquela “confraria” que surgiram os primeiros escritores e poetas valorizando o gaúcho e sua cultura. Mais tarde surge a figura de João Cezimbra Jacques que capitaneou a fundação do Grêmio Gaúcho (1898). Foi essa a primeira iniciativa de organização social, como um clube, para resgatar e preservar aspectos importantes da cultura gauchesca. Em seguida foi a vez de João Simões Lopes Neto fundar a União Gaúcha de Pelotas (1899), seguindo-se uma série de clubes gauchescos pelo Estado. Foi no ano de 1947 que toda a experiência acumulada desde o Partenon Literário, que resultou na primeira Ronda Gaúcha no Colégio Julio de Castilhos, o episódio de 5 de setembro com “O Grupo dos 8” e, depois, já no ano de 1948 o surgimento do 35 CTG que deu o modelo seguido por inúmeros outros Centros de Tradições no Estado e fora dele. Hoje são mais de 3.000 CTGs, espalhados pelo mundo, reunindo pessoas (gaúchos sul-rio-grandenses e outros gaúchos) cultuando, valorizando e difundindo a cultura gauchesca e consolidando a identidade do gaúcho, fruto da sua trajetória histórica. O gaúcho é um tipo cultural, formado por inúmeras etnias e aspectos culturais herdados dos índios, espanhóis, portugueses, negros, açorianos, alemães, italianos, poloneses, holandeses ... e mestiços de toda ordem.
 
( Fonte : MANOELITO CARLOS SAVARIS -1º VICE-PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DA TRADIÇÃO GAÚCHA. - http://www.semanafarroupilha.com.br/tema.php)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Gastronomia Gaúcha

A natureza do Brasil ofereceu, tanto a seus habitantes primitivos como aos colonizadores (que, aqui aportaram) grande variedade de alimentos. 

Outros aclimataram-se, por introdução dos portugueses, ao fazer roças, hortas e fomentar criações domesticas (galinhas, porcos, ovelhas, cabras, gado vacum). Especiarias, sal, açúcar foram valiosas contribuições trazidas pelo português à cozinha brasileira.
Segundo Câmara Cascudo (História da Alimentação no Brasil) “todos os pratos nacionais são resultantes de experiências construídas lentamente, fundamentadas na observação e no paladar. Maneiras de preparar a comida, receitas, utensílios empregados, tudo mesclou-se e adaptou-se às possibilidades do meio.
Heranças ameríndias, bem como africanas, transformaram-se, ajustaram-se ao tempero e ao sabor portugueses, às exigências dos utensílios da cozinha européia, ao fogão, ao forno.
Inúmeros pratos conservam, ainda, nome indígena ou africano; mas quase nada existe de autentico na substância real.
Quanto a outras influências, observa o autor citado: “...houve um processo da aculturação continuo na cozinha brasileira que ainda não terminou, pois está sendo enriquecido por inúmeros grupos migratórios”.
Na alimentação do sul-rio-grandense, além das contribuições dos colonos de várias etnias, verifica-se a introdução de pratos internacionais, especialmente em área urbana, em restaurantes diferenciados.
Para o estudo da cozinha gaúcha, devem-se considerar as particularidades regionais: a Praiana (à base de produtos do mar); a cozinha da Campanha e Missões (predominando as carnes vacum e ovina); a da região dos Campos de Cima da Serra (onde o pinhão tem presença e o café com graspa sobrepõem-se ao chimarrão).
O churrasco, assimilado por diversos grupos, é largamente apreciado reunindo pessoas em dias festivos. O arroz “carreteiro” aparece em quase todo o Estado.
É herança indígena na cozinha gaúcha: utilização da mandioca e de seus produtos (farinha, tapioca, beju, pirão, mingau); uso do milho assado, cozido e seus derivados (canjica, pamonha, pipoca, farinha). Aproveitamento, de plantas nativas (abóbora, amendoin, cara, batata-doce, banana, ananaz). Cozimento dos alimentos na tucuruva (trempe de pedras), no moquém (grelha de varas) para assar carne ou peixe. Preparo do peixe assado envolvido em folhas; moqueca e também paçoca de peixe ou de carne (feita no pilão). Uso de bebidas estimulantes: mate e guaraná.
A mulher portuguesa valoriza os produtos do solo americano; aproveitou as especiarias da Índia (cravo, canela, noz-moscada). Criou novos pratos, adaptou outros e conservou algumas receitas tradicionais (bacalhoada, caldo verde, acorda, pasteis, empadas, feijoada, cozido, fatias douradas, coscorões, pão-de-ló, papo-de-anjo, sonhos, pães, compotas, marmeladas, frutas cristalizadas, licores.
A culinária luso-brasileira pode ser assim distribuída pelas regiões gaúchas: Litoral (com influência açoriana) – peixe assado, grelhados, fervido, desfiado, moqueca de peixe, siri na casca, marisco ensopado, arroz com camarão, camarão com pirão. Pirão de água fria, pirão cozido, farofa, cucus torrado, beju, angu de milho, mingau de milho verde, paçoca de carne desfiada, lingüiça frita, feijão mexido, fervido de legumes, açorda, canja, galinhada, fervido de suquete (osso buco), mocotó, bolo de aipim, pães caseiros, “massas doces” (pão doce sovado) “farte” (pão com recheio de melado), melado com farinha de mandioca, roscas de polvilho, roscas de trigo (fritas), rosquetes, “negro deitado” (bolo de panela), bolo frito, sonhos, omelete de bananas, banana frita, pão-de-ló, sequilhos, rapaduras (com diferentes misturas), pé-de-moleque, “puxa-puxa”, balas diversas, pasteis doces e salgados, doce de panela (de frutas), doce de leite, amobrosia, fatias douradas, bolos, pudins, empadas.
Bebidas – Concertada (vinho com água e açúcar), Queimadinha (queimar cachaça com açúcar), Licores diversos (de vinho, de ovos, de butiá, de abacaxi etc), Café, mate-doce.
Cozinha Depressão Central (influência açoriana e outras) – Canja de galinha, sopas diversas, feijoada, feijão branco, fervido (com legumes e carne), feijão mexido, quibebe, paçoca de favas, arroz de forno, carne de panela, carne assada no forno, bife enrolado, bife à milanesa, guizado de carne, bolo de arroz, pão recheado, empadas, pasteis, “rosinhas” de massa, ovos mexidos, ovos escaldados, “roupa velha” (sobras), peixe recheado, peixe escabeche, peixe frito, bacalhoada, bolinho de bacalhau. Conservas de pepino e cebola. Galinha assada, galinha recheada, arroz com galinha. Pães de forno, pão de panela, “mãe-benta”, biscoitos, “calça-virada”, coscorões, fatias-do-céu, merengues, broas, pudim de laranja, ambrosia de laranja, “manjar celeste”, pudim de pão, “ovos moles”, “fios-de-ovo”, arroz-de-leite, “bom-bocado”, mandolate, balas de leite, de mel, tortas (doces), pé-de-moleque, “farinha de cachorro” (farinha de mandioca com açúcar).

Bebidas: gemada com vinho, licor de vinho, licores com furtas, vinho de laranja.
Cozinha da Campanha – Carnes (vacum, ovino) grelhada, no espeto, no forno. Arroz “carreteiro”, espinhaço de ovelha ensopado, pasteis, empadão, feijão, “cabo-de-relho” (sobras). Pães caseiros (ao forno), pão “catreiro” ou “de pedra” (aquecidos sobre pedra ou chapa quente), roscas de milho, “farinha de cachorro”, ambrosia de pão, doces de “panela” (marmelada, e em calda).

Bebidas: chimarrão.
Cozinha “Serrana” – Carne assada, frita, mocotó, feijoada (de feijão preto e branco), charque com mandioca, paçoca de pinhão com carne assada, couve refogada, couve com farinha, galinha assada, arroz com galinha e quirela de milho, batata-doce, moranga, milho cozido, cuscuz, farinha de biju com leite. Doce de gila, “jaraquatia”, sagu com vinho, arigones, arroz doce, doce de frutas (pêssego, figo, pêra), ambrosia, doce de leite, “chico balanceado” (doce de aipim), doce de batata doce.

Bebidas: “Camargo” (café com apojo), quentão de vinho, café com graspa.
Cozinha da região Missioneira - Carnes (vacum, ovino) assada no forno, no espeto, grelhada, frita na panela, sopa de lentilhas, sopa de cevadinha, feijoada, “puchero”, “gringa” (moranga) caramelada, pirão de farinha de milho, canja, couve com farofa, matambre com leite, fervido de espinhaço de ovelha com aipim. Canjica, guizado de milho, pasteis, empadão, revirado de galinha, revirado de sobras, lingüiça frita, paçoca de charque, galinha assada. Pão de forno, pão de borralho, bolo frito, biscoitos, pão-de-ló, geléia de mocotó, doce de jaraquatia, pêssego com arroz, arigones, tachadas (marmelo, pêssego, pêra), doce de laranja azeda cristalizada, doce de leite, rapadura de leite, gemada com leite, bolos.

Bebidas: chimarrão, mate doce, mate com leite.
Colônia alemã – Carne de porco (assada e frita), wurst (lingüiça), chucrut (conserva de repolho), nudeln (massa), kles (bolinhos de farinha de trigo com batata cozida), conserva de rabanete, galinha assada, sopa com legumes e ovos, kas-schimier (ricota), kuchen (cuca), leb-kuchen (cuca de mel), mehldoss (doces de farinha de trigo), schimier (pasta de frutas), syrup (frutos cozidos com melado), weihmachts (bolachinhas), bolinhos de batata ralada, pão de milho, de centeio, de trigo, tortas doces. Café colonial (salgadinhos, salames, queijos, bolos).

Bebidas: Das bier - cerveja, chop. Spritzbier (gengibirra). Assimilaram o chimarrão.
Colônia Italiana – Brodo (caldo de carne), carne Lessa (carne cozida n´agua), capeleti (massa com recheio de carne picada) o mesmo que Agnolini, menestra ou aminestra (sopa, canja), galeto a menarôsto ( frango no espeto), ravióli (massa com recheio), tortei (pastel cozido recheado com moranga ou abóbora), macarôn (massa), spagueti (massa cortada), fidelini (massa fina), polenta (angu de farinha de milho), risoto (arroz com galinha e queijo ralado), pizza (massa de pão com molho e queijo), pera cruz (bolo fervido em calda de frutas), pães de trigo e milho, panetone (pão com frutas cristalizadas), salames, queijos.

terça-feira, 12 de julho de 2011

A Origem das Danças

  Bugio

      Tem sua origem reclamada por dois municípios, que tratam de divulgá-lo  através de seus festivais: São Francisco de Assis (fronteira oeste) e  São Francisco de Paula (região serrana) se consideram pais do Bugio. O  processo de criação do Bugio foi inspirado no "ronco" do bugio, macaco  que habita nossas matas, correndo sério risco de ser extinto. 
     
     Da  imitação desse ronco reproduzido pelo acordeon foi criado um novo ritmo que teria em São Chico de Assis, São Chico de Paula e de toda a  região serrana um solo fértil para seu desenvolvimento. A maneira de  dançar o Bugio também é inspirada nos movimentos desse macaco.
 Chamamé

      Chegou no Brasil pelo Rio Uruguai e sendo difundida pelas rádios  argentinas no interior do Rio Grande do Sul, dando a conhecer valores  como Ernesto Montiel e Tarragó Ros (pai) e muitas outras "legendas do Chamamé". Na realidade "el Chamamé" foi um feliz "contrabando" que chegou para fazer parte de nossa cultura. 

     A interpretação do chamamé pode ser a solo ou em duo, sendo essa modalidade vocal mais apreciada.

     Podendo ser dançado aos pares ou sapateado em sua origem, o chamamé no Rio Grande do Sul se diferenciou na maneira que os bailadores daqui deram a este ritmo. Importante ressaltar é a versatilidade deste gênero, que vai desde um calmo chamamé- canção em tom maior ou menor, a um chamamé bem bagual em andamento bastante rápido quase uma polca.

   Vinculado ao chamamé está essa manifestação denominada "Sapukay" que nada mais é que o grito dado espontaneamente pelos chamameceros no momento em que lhes dá gana ou no final de cada tema.
 
 Chamarrita

     É um ritmo de origem açoriana e madeirense (arquipélagos portugueses no Atlântico). É executado em tom maior, com raras exceções em tom menor. A Chamarrita está entre o ritmos comuns às três pátria gaúchas: Argentina, Uruguay e Brasil. No Rio Grande do Sul, a Chamarrita está bastante identificada com costumes e temáticas campeiros. 

     Além da Chamarrita mais galponeira, temos as versões mais executadas pelos conjuntos de baile, adaptadas a um ritmo mais bailável. A Chamarrita também é conhecida como Chamarra ou Chimarrita.
 
 Milonga Arrabalera

      Como o próprio nome diz: Milonga del "Arrabal" (urbana).      
     Esta é a Milonga que mudou-se do campo para cidade, transformando-se em baile, muito apreciada nos bailes riograndenses. Por ser uma milonga de origem urbana, a temática estende-se desde o campo até a cidade, falando de temas de amor e cotidiano. A execução ao violão, já não é arpejada como a Milonga mas rasgueada como no Tango dando assim um ar mais bailável. 

     Milonga "Milonga ritmo que pulsa no coração do Pampa. A palavra Milonga é de origem Bantú (povo que se localiza entre o Congo, parte da Angola e Zaire). Na África designa-se "Milongo" como um feitiço de amor, que as moças utilizam para atrair seus pretendentes.

 Costuma-se dizer: - Essa menina me fez um Milongo! A apresentação da Milonga em versos é feita de várias maneiras, sendo elas em quartetos, sextilhas, oitavas e décimas. 

     Voltando à origem do ritmo da milonga nos deparamos com a célula rítmica encontrada em Cuba na "Contradanza Francesa", na "Danza Cubana" e na "Habanera". A mesma célula rítmica também chamada "Ritmo de Tango" ou "Tango Congo".
 
 Rancheira

      Este ritmo bem crioulo (autêntico) em compasso 3/4 encontra paralelo em vários outros gêneros Latino Americanos deste estilo, tais como o "Pericón" uruguaio ou o "Joropo" venezuelano. Outra característica que o aproxima da América Hispânica é o "Sapateado" que é uma das maneiras de se dançar a Rancheira. 

     A maneira mais comum de se dançar a Rancheira é a marcação dos pares do ritmo como pequenos pulinhos ou "puladinho". Outra modalidade bastante apreciada pelos bailadores á a Rancheira de Carrerinha em que os pares alinhados executam várias coreografias em momento de grande descontração. Como em outros gêneros bailáveis do RGS a gaita (acordeon, cordeona) tem papel de destaque, sendo a solista principal e contando coma participação do violão ou gaita a meio do tema.
 
 Rasguido Doble

      Juntamente com o Chamamé, o Rasguido Doble é outro gênero que nos vem "contrabandeado" do litoral argentino, toda essa região compreendida entre os rios Uruguai e Paraná abrangendo províncias como Corrientes, Missiones e Santa Fé. O Rasguido Doble é um gênero bem diversificado.
 
      Pode ser executado de maneira bem cadenciada deixando a melodia fluir lentamente ou mais ligeiro. O nome Rasguido refere-se ao "rasgueado" violão que vai dar o acompanhamento necessário para sua parceria, a cordeona (acordeon), soltar-se em inspiradas melodias e acordes, sendo o Rasguido Doble cantado ou instrumental. 

     Os principais responsáveis por trazerem este ritmo musical para as terras Riograndenses foram o missioneiros, cantores e guitarreirros como Noel Guarany, Cenair Maicá e Luís Carlos Borges, que sempre incluíram em seus repertórios vários Rasguidos como "El Rancho y la Cabicha", "Puente Pexoa" e "El Cosechero", este último do criativo compositor Rámon Ayala, da província de Missiones.
 
 Vanera

      A origem da Vanera é no ritmo cubano Habanera, que é como era grafado o ritmo. Da Habanera para atual Vanera, várias modificações foram feitas, na grafia e no andamento bem mais rápido, para se tornar bailável. Ao longo de mais de três décadas, os conjuntos de baile gaúchos (fandangos) vêm desenvolvendo com sua experiência e criatividade vários padrões rítmicos em seus instrumentos típicos: acordeon, guitarra, baixo, bateria e pandeiro. Quer em suas apresentações ao vivo ou em suas gravações.

     A Vanera conquistou um espaço privilegiado nos bailes gaúchos, sendo hoje, presença marcante e obrigatória em qualquer Fandango que se preze.
 
 Vanerão

      Também conhecido como limpa banco, tem o andamento mais rápido do que a Vanera. O Vanerão presta-se para o virtuosísmo do gaiteiro de gaita piano ou botonera (voz trocada), sendo assim muitas vezes um tema instrumental. 
     
     Quanto a forma musical, o vanerão pode ser construído em três partes (rondó), utilizado em ritmos tradicionais brasileiros como o choro e a valsa. Quando cantado, dependendo do andamento e da divisão rítmica da melodia, exige boa e rápida dicção por parte dos intérpretes. 

     O Vanerão com sua vivacidade exige bastante energia, tantos dos músicos, como dos bailadores de fandango.
 
 Xote

      O Xote gaúcho tem origem no 'schotis' europeu e sofreu aqui algumas mudanças que são naturais a qualquer manifestação cultural que tenha migrado de um continente a outro com características distintas, porém sem perder a essência de seu precursor europeu dotado de inspiradas melodias. 

     É um dos poucos ritmos de andamento quaternário que se tem aqui no RGS, sendo que a melodia está em divisão de colcheias pode em certas partes dobrar para semi colcheias, o que serve para os executantes demonstrarem todo seu virtuosismo, principalmente o acordeon, o violão ou guitarra. 

     Por seu andamento médio, o xote dá condições a que os pares dancem de maneira figurada realizando as mais variadas coreografias. O Xote com sua vivacidade e alegria é um gênero, cantado ou instrumental indispensável nos bailes gaúchos.
 
 Dança dos Facões

      Danças de esgrima, em que, ao invés de porretes ou bastões, se usam espadas ou facas de verdade, são registradas na Ásia, na Europa Oriental, na África muçulmana, em regiões onde se encontram aglomerados predominantemente masculinos. 

     Cada dançarino mune-se de dois facões, afiados, e as evoluções exigem destreza, acuidade, reflexos rápidos
 
 Chula

      A Chula Dança muito difundida em Portugal e também dançada pelos Açorianos. A Chula caracteriza-se pela agilidade do sapateio do peão ou diversos peões, em disputas, sapateando sobre uma lança estendida no salão. 

     A chula era dançada apenas por homens e sempre em desafio. Citada como espécie de jogo típico dos gaúchos por Nicolau Dreys em seu livro "A notícia descritiva da Província do Rio Grande de São Pedro do Sul" é, provavelmente, originária do Minho e do Douro, do folclore português, embora alguns estudiosos relacionem-na com o Lundú ou o Baião, com relação à música.

      A chula tradicional era dançada da seguinte forma: Dois dançarinos ficavam frente a frente tendo entre si uma lança de quatro metros de comprimento. Um dos oponentes executava uma seqüência de difíceis passos coreográficos indo até a extremidade oposta da lança e retornando ao seu lugar de origem. Ao segundo oponente cabia, então, repetir o passo do primeiro e fazer um mais difícil, ao que o seu oponente deveria proceder da mesma forma. Perdia a disputa aquele que saísse do ritmo, errasse o passo, perdesse o ritmo ou chutasse a lança. 

     Ultimamente suas regras foram modificadas, adaptando a chula aos campeonatos regionais, os rodeios, mas a idéia de criatividade e difícil execução dos passos como objetivo da disputa foi mantida, o que a tem tornado o concurso individual mais procurado do meio tradicionalista.
 
 Malambo

      O malambo é, assim como a chula, uma dança de desafio, proveniente de nossos irmãos gaúchos platinos.      

     Existem diversos tipos de malambo, de acordo com a região platina em questão. Os mais conhecidos entre nós são o Norteño, com passos curtos e música dividida em seções de quatro compassos musicais e o Sudeño, com passos alternados um pouco mais longos e outros tão breves quanto os do Norteño. Para quem dança, o famoso papito-pá-pá" define muito bem esse estilo de malambo quanto ao ritmo.

      Existem variantes dos mais diversos tipos para o malambo, sendo que uma das mais engraçadas aos olhos do público e ao mesmo tempo uma das de mais difícil execução é a simulação da doma pelo peão, onde este finge estar montando "em pêlo" um cavalo bravio, ou caballo cimarrone, e tem que se manter em cima do lombo do animal durante seu corcovo. Quanto mais agitar os braços durante a execução dos passos, maior a habilidade do "domador" em vencer o animal. Mas é claro que essa é apenas uma das variantes existentes para a dança do malambo.

     O malambo está presente em nosso meio tradicionalista sob a forma de apresentações de alguns grupos de dança, uma vez que não existem concursos dessa modalidade nos rodeios e festivais dos gaúchos Rio-grandenses, pelo menos por enquanto, pois a cada dia, têm sido mais incorporado ao nosso folclore, por sermos de uma cultura irmã proveniente.

 ( Fonte:Centro Cultural Gaúcho, MTG)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Quem da valor a honra, tem honra e valor.

     Pergunte a um gaúcho se ele tem orgulho de ser brasileiro e ele provavelmente te responderá: “Eu tenho orgulho de ser gaúcho!” 
     Não vou discorrer sobre eles estarem certos ou não em pensarem dessa maneira,mas a verdade é que eles têm história e, mais que isso, a valorizam. 

     A maioria dos heróis brasileiros e seus atos foram forjados (Tiradentes ou o grito da independência, por exemplo), o mesmo não se pode dizer dos heróis gaúchos.

     Mas, independente desse bairrismo tão acentuado nesse estado, a forma como o povo gaúcho recebe os visitantes é incrível. Extremamente amistosos e cordiais, são simpáticos até quando você para na rua pra pedir informações. 

     Outra característica que chama a atenção é a beleza das pessoas. O Rio Grande do Sul é o estado com a maior concentração de pessoas bonitas que eu já vi. Bonitos e simpáticos, quer algo mais?
 

     Eu te dou algo mais: são extremamente cultos. O que não é de se espantar, uma vez que eles conhecem muito bem a própria história e se orgulham disso.
     
     A cidade mais antiga do Rio Grande do Sul é chamada de Rio Grande. Fica bem ao sul (na pontinha do estado). É uma cidade que, em alguns aspectos, pode parecer feia mas, acredite, é um lugar que vale a pena ser visitado. Se não pela arquitetura, pela praia do Cassino (a maior praia do mundo). Do centro você também pode pegar uma lotação que atravessa a Lagoa dos Patos por uma balsa e te leva do outro lado por pouco mais de dois reais. E do outro lado você encontra vários restaurantes com comida bem em conta. 

     Outra cidade bem interessante é Bento Gonçalves. É uma cidade de porte médio onde a cultura italiana é bastante forte. Além de todos os atrativos turísticos, a cidade fica em uma região muito bonita na serra gaúcha.
     
     As paisagens são incríveis! Uma atração de Bento Gonçalves é o passeio de Maria Fumaça que passa por Garibaldi e Carlos Barbosa. Indispensável! Se isso ainda não te interessou, talvez os melhores vinhos do país te interessem. E o legal é que você pode visitar as vinícolas da região e, de quebra, experimentar (“de grátis”) os vinhos lá produzidos. Duvido que você saia de lá sem levar algumas garrafas (o preço é tão baixo que seria uma afronta não levar). 

     E quem gosta de história não pode deixar de conhecer a região dos Sete Povos das Missões, no extremo oeste do estado. Uma região que demorou a se consolidar como território de Portugal e que abrigou reduções de indígenas que fugiram do Paraná quando os bandeirantes, em busca de índios para escravizar, destruíram as reduções paranaenses.

     Se você quer conhecer um pouco mais sobre esse povo e sua história, tente ler “O Uraguai” de Basílio da Gama (leitura difícil que narra os conflitos da região de Sete Povos das Missões) ou “A Casa das Sete Mulheres” que foi escrito pela gaúcha LetíciaWierzchowski e que ganhou uma adaptação para TV em 2003. A história da Revolução Farroupilha certamente foi uma das melhores produções da Rede Globo, embora tenha pecado por modificar alguns fatos históricos na tentativa de agradar ao público. De toda maneira, não deixe de vistar o Rio Grande do Sul quando tiver oportunidade, garanto que você não se arrependerá!
 
(Reprodução do texto postado no blog: http://destilandoveneno.wordpress.com )