A Bruxa
O mito da Bruxa é tão antigo como atual no Rio Grande do Sul. De
forma geral, acredita-se que a sétima filha mulher de um casal será bruxa, a
menos que seja batizada pela irmã mais velha.
Ao contrário do Lobisomem, a
Bruxa é uma pessoa má, que faz o mal e gosta disso. Suas vítimas são sempre
crianças, bichos pequenos ou lavouras em crescimento, porque ela não tem
capacidade para fazer mal às pessoas adultas, aos animais grandes e às plantas
crescidas. Sua grande arma é o olho grande, que bota onde quer fazer o mal.
Bichos embruxados, como ninhadas de pintos ou leitões, mirram e morrem.
Lavouras murcham da mesma maneira. E crianças embruxadas ficam amarelas,
minguam a olhos vistos e quando ficam nuazinhas, desenroladas das fraldas,
cruzam os bracinhos e as perninhas. E assim, se não forem atendidas a tempo,
morrem mesmo.
A bruxa é acusada de chupar o umbigo recém caído dos nenês. O melhor
para afastar a Bruxa é uma figa, ou um chifre de boi ou um galho de arruda. Por
isso, o primeiro presente que se deve dar ao bebê é uma figuinha de ouro, que
ele deve Ter sempre na sua roupinha, junto ao corpo. Na porta da frente da
casa, é recomendável se pendurar pelo menos um chifre, com galhos de arruda
dentro e de preferência com extremidade inferiro esculpidas em forma de figa.
No jardim, as pessoas devem sempre plantar arruda, cujo cheiro a Bruxa abomina.
Para se descobrir uma bruxa, tiram-se todos os móveis da cala da casa e aí, bem
no meio, a dona da casa deve repetir três vezes, bem alto, o nome da mulher que
ela acha que é bruxa e que é vizinha ou está por perto. Daí a pouco, se essa
mulher é mesmo Bruxa, vai aparecer e perguntar, fingindo inocência: "A
senhora me chamou, vizinha?" Ou então, pega uma peça de roupa da criança
que está embruxada, para socar num pilão cravejada com alfinetes. Se aparecer
uma mulher nas vizinhanças, com dores terríveis, ela é a Bruxa. Uma criança
embruxada é facilmente reconhecível, pelos sintomas já descritos e é facilmente
curável. Durante três sextas-feiras, no começo da manhã e no fim da tarde, uma
pessoa de fé deve ascender duas velas na cama da criança embruxada, uma na
cabeceira e outra nos pés e rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria até as velas se
queimarem por inteiro. Ao fim das três semanas, a criança desembuxa mesmo.
O DIABO
No mundo cristão, o Diabo aparece como a antítese de Deus, quase
o seu alter-ego, a própria dialética da divindade. O gaúcho acredita firmemente
no Diabo, tanto como acredita em Deus. De uma maneira geral, ele é visto como
um anjo chamado Rafael, muito capaz e muito invejoso. Tão alto subiu, que quis
se igualar a Deus e por isso foi precipitado nas profundezas do inferno. Tal
capacidade do Diabo aparece numa das variantes da lenda da criação do Homem e
da Mulher, por exemplo.
O LOBISOMEM
Parece incrível, mas é verdade: às vésperas do Século XXI, o Rio
Grande do Sul inteiro acredita firmemente em Lobisomem, do mais remoto rincão
campeiro às cidades mais cosmopolitas, do ínvio recesso das matas às mais
bulhentas praias do Atlântico Sul.
O mito Lobisomem é basicamente a crença em que determinados homens - sempre homens! - em determinadas circunstâncias podem se transformar em um monstro meio-lobo e meio-homem. O mito no Rio Grande do Sul sustenta que o sétimo filho homem de uma família será fatalmente o Lobisomem - a menos que seja batizado pelo irmão mais velho.
Há, também, forma folclórica de se transmitir o fado: quando um velho Lobisomem sente que vai morrer, ele fica sofrendo muito até passar o encargo a alguém mais moço. E não consegue morrer antes disso. Se tiver algum guri ou moço por perto, ele pergunta, simplesmente: "Tu queres?". O ingênuo normalmente acredita que se trata de algum presente, ou mesmo de herança e então responde: "Sim". Aí, o velho morre feliz, porque transmitiu o fado, conforme se expressa a linguagem popular. O homem que tem o fado do Lobisomem é sempre de raça branca, pelo - duro (ou seja, não há Lobisomem negro, alemão ou gringo), magro, de olhos no fundo, dentes salientes e cara de cor amarelada, muito pálido. Quase sempre mora sozinho. Mais raramente, vive com a mãe, uma velha muito estranha. Mais raramente ainda é casado e a mulher ignora o fato. Mora sempre em um rancho o mais isolado possível, obrigatoriamente com um galinheiro nos fundos. Se o próprio rancho não tem galinheiro, tem que haver um, por perto.
O fado do Lobisomem é uma cruz que ele carrega. Não fazendo mal a ninguém, ele é mais uma vítima do que um carrasco. Se é atacado, reage. E morde cachorros e até pessoas. Mas, se puder evitar isso, ele evita. Simplesmente o Lobisomem tem que cumprir o seu fado, que é comer nas sextas-feiras de lua cheia, da meia-noite até o clarear do dia, descrevendo um grande rodeio. À meia-noite ele se rebolca nos sujos das galinhas, rolando no chão e se transforma. Aí, corre a noite inteira, fazendo uma grande volta.
Quando o sol vai nascer, ele já está de regresso ao ponto de partida. Rebolca-se de novo no galinheiro e aí vira gente, outra vez.
O mito Lobisomem é basicamente a crença em que determinados homens - sempre homens! - em determinadas circunstâncias podem se transformar em um monstro meio-lobo e meio-homem. O mito no Rio Grande do Sul sustenta que o sétimo filho homem de uma família será fatalmente o Lobisomem - a menos que seja batizado pelo irmão mais velho.
Há, também, forma folclórica de se transmitir o fado: quando um velho Lobisomem sente que vai morrer, ele fica sofrendo muito até passar o encargo a alguém mais moço. E não consegue morrer antes disso. Se tiver algum guri ou moço por perto, ele pergunta, simplesmente: "Tu queres?". O ingênuo normalmente acredita que se trata de algum presente, ou mesmo de herança e então responde: "Sim". Aí, o velho morre feliz, porque transmitiu o fado, conforme se expressa a linguagem popular. O homem que tem o fado do Lobisomem é sempre de raça branca, pelo - duro (ou seja, não há Lobisomem negro, alemão ou gringo), magro, de olhos no fundo, dentes salientes e cara de cor amarelada, muito pálido. Quase sempre mora sozinho. Mais raramente, vive com a mãe, uma velha muito estranha. Mais raramente ainda é casado e a mulher ignora o fato. Mora sempre em um rancho o mais isolado possível, obrigatoriamente com um galinheiro nos fundos. Se o próprio rancho não tem galinheiro, tem que haver um, por perto.
O fado do Lobisomem é uma cruz que ele carrega. Não fazendo mal a ninguém, ele é mais uma vítima do que um carrasco. Se é atacado, reage. E morde cachorros e até pessoas. Mas, se puder evitar isso, ele evita. Simplesmente o Lobisomem tem que cumprir o seu fado, que é comer nas sextas-feiras de lua cheia, da meia-noite até o clarear do dia, descrevendo um grande rodeio. À meia-noite ele se rebolca nos sujos das galinhas, rolando no chão e se transforma. Aí, corre a noite inteira, fazendo uma grande volta.
Quando o sol vai nascer, ele já está de regresso ao ponto de partida. Rebolca-se de novo no galinheiro e aí vira gente, outra vez.
O SANGUANEL
O Sanguanel é um mito da região ítalo-gaúcha, cuja crença é muito
viva, ainda no presente. Ele é um ser pequeno, vivo, de cor vermelha que, a
rigor, não faz mal pra ninguém, mas dá cada susto! Ele vive pelos pinheirais da
serra e seu prazer é roubar crianças, as quais escondem no alto das árvores ou
no meio das reboleiras do mato. Mas não judia delas. Pelo contrário, até traz
mel numa folha e água, se tem sede.
Os pais, como loucos, procuram as crianças roubadas pelo Sanguanel estão sempre em estado de sonolência, lembrando pouco e mal das coisas que aconteceram, emobra não esqueçam a figura vermelha do Sanguanel, o ninho em cima de um pinheiro e o mel trazido numa folha. Mais raramente o Sanguanel se envolve com adultos. Nesses casos, assume o papel de vingador engraçado, fazendo picardias e provocações aos preguiçosos, bêbados ou não religiosos, mas tudo sem maldade.
Os pais, como loucos, procuram as crianças roubadas pelo Sanguanel estão sempre em estado de sonolência, lembrando pouco e mal das coisas que aconteceram, emobra não esqueçam a figura vermelha do Sanguanel, o ninho em cima de um pinheiro e o mel trazido numa folha. Mais raramente o Sanguanel se envolve com adultos. Nesses casos, assume o papel de vingador engraçado, fazendo picardias e provocações aos preguiçosos, bêbados ou não religiosos, mas tudo sem maldade.
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