Estamos vivendo já o clima do Natal, o que, aliás, quer
dizer também clima de Ano-Novo. Em termos de folclore, é importantíssimo
o chamado "ciclo natalino", que vai de 24 de dezembro (véspera de
Natal) até 6 de janeiro (Dia de Reis).
O tradicional e autêntico Natal gaúcho, dentro desse
ciclo, tinha presentes (dos pais para os filhos e dos padrinhos para os
afilhados, só), terno de reis (não em todo o Rio Grande do Sul, mas em
certas regiões bem delimitadas), tinha presépio, pinheirinho de Natal e a
presença dos três reis magos que trouxeram os presentes para o menino
Jesus. Tinha também no litoral gaúcho a dança da Jardineira e o Pau de
Fitas, este último salvo do desaparecimento pelo tradicionalismo.
A professora Lílian Argentina, quando lecionava anonimamente em Tramandaí, já era uma pesquisadora de folclore, embora sem treinamento específico, o que só vai conseguir mais tarde na saudosa Escola Gaúcha de Folclore. Pois a professora Lílian descobriu no litoral gaúcho informantes sobre o Pau de Fitas e a outrora famosa Jardineira (que se dançava no Alegrete no fim do século 19) e reconstituiu as duas com muita felicidade. As duas, não: tratava-se de um único conjunto coreográfico que começava com a Jardineira (às vezes chamada de Dança dos Arcos e também Dança das Flores) e terminava com o Pau de Fitas. E uma curiosidade: "as moças" do grupo de dança eram rapazes travestidos, muito "sérias" e "elegantes", que usavam máscaras femininas para disfarçar barba ou bigode... O Pau de Fitas reconstituído pela professora Lílian era praticamente o mesmo que Paixão Côrtes e Barbosa Lessa recolheram na serra e espalharam pelo tradicionalismo gaúcho, mas tinha duas diferenças: só era dançado no ciclo natalino, e as moças eram alunas da professora Lílian (não mais rapazes, como no folclore autêntico), mas moças que usavam máscaras femininas para fingir que eram rapazes travestidos... Aí ela me convidou para que eu fosse lá para documentar tudo, e eu fui com duas alunas da Escola Gaúcha de Folclore, as professoras Marlene Nahas e Carmen Almeida de Melo Mattos.
Mas o Natal gaúcho mudou muito. Antes os presentes eram deixados pelos pais e pelos padrinhos (presentes simbolicamente trazidos pelos três reis magos) nos sapatinhos dos filhos ou afilhados, colocados no lado de fora da casa no amanhecer do dia 6 de janeiro. Hoje os presentes são entregues por todo mundo na noite de 24 de dezembro, e já está para sempre entronizada via comércio a figura de um Papai Noel que nos chegou dos Estados Unidos, em trenó puxado por quatro renas e com traje feito para enfrentar a neve. Claro está que o Brasil, país tropical que vive o Natal no verão, não tem neve, nem trenó, nem renas... Mas, enfim, a força do comércio é tanta que nos empurrou isso tudo goela abaixo.
Mas o tradicionalismo resiste: o Papai Noel não entra em galpão de CTG.
Vamos, então, dar presentes para os nossos filhos e afilhados em nome dos três reis magos, que são a verdadeira tradição gaúcha. Que os nossos CTGs, a cada ciclo natalino, montem nos seus galpões presépios e a árvore de Natal de tradição alemã, perfeitamente autêntica. Vamos receber os três reis magos e, nas regiões onde o terno de reis ainda é cultuado, recebê-lo com todas as honras de estilo, cantando do lado de fora até o "dono da casa" abrir a porta e acender a luz. E vamos também revalorizar os "Cantori dela Stella", os ternos de atiradores e outros que existem ainda nas regiões coloniais gaúchas.
Mas o Natal gaúcho mudou muito. Antes os presentes eram deixados pelos pais e pelos padrinhos (presentes simbolicamente trazidos pelos três reis magos) nos sapatinhos dos filhos ou afilhados, colocados no lado de fora da casa no amanhecer do dia 6 de janeiro. Hoje os presentes são entregues por todo mundo na noite de 24 de dezembro, e já está para sempre entronizada via comércio a figura de um Papai Noel que nos chegou dos Estados Unidos, em trenó puxado por quatro renas e com traje feito para enfrentar a neve. Claro está que o Brasil, país tropical que vive o Natal no verão, não tem neve, nem trenó, nem renas... Mas, enfim, a força do comércio é tanta que nos empurrou isso tudo goela abaixo.
Mas o tradicionalismo resiste: o Papai Noel não entra em galpão de CTG.
Vamos, então, dar presentes para os nossos filhos e afilhados em nome dos três reis magos, que são a verdadeira tradição gaúcha. Que os nossos CTGs, a cada ciclo natalino, montem nos seus galpões presépios e a árvore de Natal de tradição alemã, perfeitamente autêntica. Vamos receber os três reis magos e, nas regiões onde o terno de reis ainda é cultuado, recebê-lo com todas as honras de estilo, cantando do lado de fora até o "dono da casa" abrir a porta e acender a luz. E vamos também revalorizar os "Cantori dela Stella", os ternos de atiradores e outros que existem ainda nas regiões coloniais gaúchas.
(Fonte - http://tradicionalismogaucho.arteblog.com.br/237881/Natal-Gaucho/ )
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