segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Natal na Cultura Gaúcha


     Estamos vivendo já o clima do Natal, o que, aliás, quer dizer também clima de Ano-Novo. Em termos de folclore, é importantíssimo o chamado "ciclo natalino", que vai de 24 de dezembro (véspera de Natal) até 6 de janeiro (Dia de Reis).

     O tradicional e autêntico Natal gaúcho, dentro desse ciclo, tinha presentes (dos pais para os filhos e dos padrinhos para os afilhados, só), terno de reis (não em todo o Rio Grande do Sul, mas em certas regiões bem delimitadas), tinha presépio, pinheirinho de Natal e a presença dos três reis magos que trouxeram os presentes para o menino Jesus. Tinha também no litoral gaúcho a dança da Jardineira e o Pau de Fitas, este último salvo do desaparecimento pelo tradicionalismo.


     A professora Lílian Argentina, quando lecionava anonimamente em Tramandaí, já era uma pesquisadora de folclore, embora sem treinamento específico, o que só vai conseguir mais tarde na saudosa Escola Gaúcha de Folclore. Pois a professora Lílian descobriu no litoral gaúcho informantes sobre o Pau de Fitas e a outrora famosa Jardineira (que se dançava no Alegrete no fim do século 19) e reconstituiu as duas com muita felicidade. As duas, não: tratava-se de um único conjunto coreográfico que começava com a Jardineira (às vezes chamada de Dança dos Arcos e também Dança das Flores) e terminava com o Pau de Fitas. E uma curiosidade: "as moças" do grupo de dança eram rapazes travestidos, muito "sérias" e "elegantes", que usavam máscaras femininas para disfarçar barba ou bigode... O Pau de Fitas reconstituído pela professora Lílian era praticamente o mesmo que Paixão Côrtes e Barbosa Lessa recolheram na serra e espalharam pelo tradicionalismo gaúcho, mas tinha duas diferenças: só era dançado no ciclo natalino, e as moças eram alunas da professora Lílian (não mais rapazes, como no folclore autêntico), mas moças que usavam máscaras femininas para fingir que eram rapazes travestidos... Aí ela me convidou para que eu fosse lá para documentar tudo, e eu fui com duas alunas da Escola Gaúcha de Folclore, as professoras Marlene Nahas e Carmen Almeida de Melo Mattos.

      Mas o Natal gaúcho mudou muito. Antes os presentes eram deixados pelos pais e pelos padrinhos (presentes simbolicamente trazidos pelos três reis magos) nos sapatinhos dos filhos ou afilhados, colocados no lado de fora da casa no amanhecer do dia 6 de janeiro. Hoje os presentes são entregues por todo mundo na noite de 24 de dezembro, e já está para sempre entronizada via comércio a figura de um Papai Noel que nos chegou dos Estados Unidos, em trenó puxado por quatro renas e com traje feito para enfrentar a neve. Claro está que o Brasil, país tropical que vive o Natal no verão, não tem neve, nem trenó, nem renas... Mas, enfim, a força do comércio é tanta que nos empurrou isso tudo goela abaixo.


      Mas o tradicionalismo resiste: o Papai Noel não entra em galpão de CTG.


     Vamos, então, dar presentes para os nossos filhos e afilhados em nome dos três reis magos, que são a verdadeira tradição gaúcha. Que os nossos CTGs, a cada ciclo natalino, montem nos seus galpões presépios e a árvore de Natal de tradição alemã, perfeitamente autêntica. Vamos receber os três reis magos e, nas regiões onde o terno de reis ainda é cultuado, recebê-lo com todas as honras de estilo, cantando do lado de fora até o "dono da casa" abrir a porta e acender a luz. E vamos também revalorizar os "Cantori dela Stella", os ternos de atiradores e outros que existem ainda nas regiões coloniais gaúchas.


(Fonte - http://tradicionalismogaucho.arteblog.com.br/237881/Natal-Gaucho/  )

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Nativismo

     
     Segundo Antônio Augusto Fagundes, o que caracteriza os valores do culto à tradição do Rio Grande do Sul são o nativismo, a honra, a hospitalidade, a coragem, o respeito à palavra empenhada, o cavalheirismo, além de outros, que são peculiaridades do gaúcho.
               
       Logo, nativismo não é um culto como a tradição, mas é sim um dos valores desse culto. Pode ser definido como o sentimento de amor pelo chão onde se nasce, de onde se é nato.
               
     Por sermos gaúchos, acreditamos que não exista povo mais nativista que o gaúcho, mas somos sabedores de que esse sentimento de amor pela nossa terra natal, a exemplo da tradição, também não é patrimônio exclusivo e peculiar de nós os gaúchos. 
     
     Em nosso vocabulário, encontramos dois termos inteiramente ligados ao nativismo, que são: pago e querência. O primeiro define o lugar onde nascemos e o segundo, o lugar onde vivemos, o que não raras vezes se confunde, pois é um tanto comum nascermos e vivermos num mesmo lugar. Temos até a pretensão de afirmar, que nenhum povo ama mais o seu pago, a sua querência do que nós os gaúchos. O sentimento de amor ao Rio Grande é tão intenso entre nós gaúchos, que chegamos a ser bairristas, o que vem a ser o exagero de sentimento de amor a terra.
               
     Edilberto Teixeira diz que "nativismo é a qualidade do nativista. É aquele que é contrário, que é infenso a estrangeiros. Tudo o que é próprio do lugar de nascimento, que é ingênito, natural, não adquirido. Em filosofia, nativismo é a teoria das idéias inatas, independentes da experiência".
               
     O Rio Grande do Sul atualmente é sacudido por uma onda de nativismo, propulsada pelo anseio da mocidade, ávida de conhecimentos gauchescos e de novos horizontes para uma efetiva participação.
               
     Essa onda de nativismo tem colocado o Rio Grande do Sul em admirável destaque frente às demais regiões brasileiras.
               
     A nossa cultura, alicerçada em rumos próprios, se fortalece a cada dia, contribuindo assim para a construção de um sólido patrimônio político e social para o Rio Grande do amanhã.
               
     E assim temos constatado uma grande parcela da moçada envolvida e contagiada pelo ideal do nativismo, o que proporciona o desenvolvimento de uma mentalidade sadia, não se deixando "poluir" pelos estrangeirismos importados, em detrimento dos costumes e tradições da nossa gente.
               
     Com essa auto-afirmativa, o sentimento genuíno de aplauso e louvor às nossas coisas deságua no fortalecimento do nosso amor ao PAGO e a QUERÊNCIA".
               
     A grandeza da formação histórica do Rio Grande do Sul é a força inspiradora do movimento tradicionalista gaúcho, que, aliás, é a sociedade que a cada dia tem maiores compromissos com o preservar, cultuar e propagar a tradição gaúcha de forma organizada e planificada, cujos objetivos estão consubstanciados na sua Carta de Princípios.
               
     É notória a tendência de se chamar de nativismo a arte que nasce da terra, que fala, que canta, que enfoca e que valoriza as coisas da terra dizendo-se: poesia nativista, canção nativista, música nativista, muito embora saibamos que a expressão correta para designar a corrente artística que valoriza os temas da terra seja "regionalista gaúcha".
 

(Autora: MARIA IZABEL T. DE MOURA )
( Fonte: http://www.mtg.org.br/conceituacoes.html )

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Apresentaçao Moto Clube Cano Quente - 11 Anos




 









Instrumentos Musicais Gaúchos Típicos

     A música, como qualquer outro traço cultural humano, sofre mudanças contínuas, e isto seguirá acontecendo sempre apesar dos saudosistas, dos lunáticos, dos reacionários e dos atrasados. Nesta terra gaúcha,  onde acontecem mais festivais musicais “percapita”  do que em toda a América, sabemos esta lição básica, e até por isto cultivamos estes festivais, mas nem por isto jogamos às favas o respeito à nossa música “de raiz”.

     Embora eu saiba muito bem que nesta terra de um povo eclético, muitos outros tipos musicais são escutados diariamente, os instrumentos musicais aos quais vou me deter são os que fizeram e fazem parte das canções nativas gaúchas.
     
     O primeiro instrumento musical a desfilar acordes por estes pagos (terra natal) de Getúlio Vargas e Bento Gonçalves foi a viola, instrumento de cordas parecido com o violão atual, mas contendo 12 cordas. Era  a viola que reinava e imprimia ritmos para os paqueradores do século XVIII e XIX, quando ainda os pares dançavam sem se tocar, na época dos “fandangos”.
     
     A rabeca, que é um tipo artesanal de violino, tocada apoiada ao braço ou ombro em vez do queixo, com o movimento para curva das cordas feito pelo braço e não pelo arco.
     
     Veio a Guerra do Paraguai e com ela enormes mudanças culturais, como a estrondante entrada da gaita e do violão nas rodas de músicas do nosso sul. As primeiras gaitas (que por nós também são chamadas de cordeonas) foram as que hoje chamamos de “gaita de botão”, diatônicas e em tom maior; já depois, na década de 1920, chegaram as gaitas-piano, fabricadas por descendentes de italianos, com escala cromática (mesmo som ao abrir e fechar o fole, ao contrário das gaitas de botão, que tinham sons diferentes ao abrir e fechá-las). 

     O pandeiro foi um bom companheiro musical para gaita e violão, tendo sido trazido por espanhóis e não pelos negros, como muitos pensam por ver este instrumento ligado ao carnaval. O tambor  apareceu primeiramente nos Ternos de Reis do litoral e nos cultos religiosos afro-gaúchos.
     
      Outros: serrote, flauta, gaita-de-boca, duas cuias, pente-de-boca, machacá, agê, reco-reco, marimbau e colheres.
     
      Mesmo que nenhum dos principais instrumentos que hoje fazem acontecer a música gaúcha tenha sido inventado aqui, garanto que o jeito de lhes tirar sons aqui neste Rio Grande velho talvez não seja melhor nem pior, mas é único e é nosso, só encontrando similares no Uruguai e na Argentina.

(Autor: Cleinner Teixeira)
(Fonte : http://www.ctgtropeirosdaquerencia.com/index.php?option=com_content&view=article&id=103&Itemid=462 )

terça-feira, 1 de novembro de 2011