Contam os índios que, há muito
tempo, numa tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de
grande beleza. Melhor dizendo: apaixonaram-se. Jaebé, o moço, foi pedi-la em
casamento. O pai dela perguntou:
- Que provas podes dar de sua força
para pretender a mão da moça mais formosa da tribo?
- As provas do meu amor! -
respondeu o jovem.
O velho gostou da resposta mas
achou o jovem atrevido. Então disse:
- O último pretendente de minha
fila falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.
Eu digo que ficarei nove dias
em jejum e não morrerei.
Toda a tribo se espantou com a
coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova.
Enrolaram o rapaz num pesado couro
de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse
alimentado. A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse
vivo para seu amor. O tempo foi passando. Certa manhã, a filha pediu ao pai:
- Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer.
O velho respondeu:
- Ele é arrogante. Falou nas forças
do amor. Vamos ver o que acontece.
E esperou até até a última hora
do novo dia. Então ordenou:
- Vamos ver o que resta do
arrogante Jaebé.
Quando abriram o couro da anta,
Jaebé saltou ligeiro. Seu olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz mágica.
Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. Todos se espantaram. E
ficaram mais espantados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar
como um pássaro enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava num corpo de pássaro!
E exatamente naquele momento, os
raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em um
pássaro. E, então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a
floresta onde desapareceu para sempre.
Contam os índios que foi assim que
nasceu o pássaro joão-de-barro.
A prova do grande amor que uniu
esses dois jovens está no cuidado com que constroem sua casa e protegem os
filhotes. E os homens amam o joão-de-barro porque lembram da força de Jaebé,
uma força que vinha do amor e foi maior que a morte.
( Fonte - http://www.lendas-gauchas.radar-rs.com.br/joao_de_barro.htm)
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