"Nossas Raízes"
O temário proposto
para os Festejos Farroupilhas 2011 foi aprovado pela Comissão Estadual,
no mês de dezembro de 2010 e homologado pelo Congresso Tradicionalista
Gaúcha, do MTG, em janeiro de 2011.
A proposta é bastante abrangente e
tem como objetivo explorar a história do Rio Grande do Sul e buscar, em
alguns episódios e períodos, indicadores da identidade do povo gaúcho.
Rebuscar a história e retirar dela os aspectos que melhor retratem a
formação sócio-cultural do nosso Estado é tarefa que não se esgotas
nesse ano de 2011, mas haverá de nos ajudar a entender um pouco mais a
nossa identidade cultural regional.
Cada município do Estado ou cada microrregião poderá aprofundar um ou mais tópicos entre os que estão sendo propostos neste temário. Esse aprofundamento se dará em função da característica local, especialmente pela predominância ou influencia maior de uma ou de outra etnia. Para bem desenvolver a idéia de explorar as raízes da formação sócio-cultural do gaúcho sul-rio-grandense foram selecionados os seguintes momentos da nossa história:
Festividades da Semana Farroupilha |
Cada município do Estado ou cada microrregião poderá aprofundar um ou mais tópicos entre os que estão sendo propostos neste temário. Esse aprofundamento se dará em função da característica local, especialmente pela predominância ou influencia maior de uma ou de outra etnia. Para bem desenvolver a idéia de explorar as raízes da formação sócio-cultural do gaúcho sul-rio-grandense foram selecionados os seguintes momentos da nossa história:
1. OS JESUÍTAS NO TERRITÓRIO GAÚCHO
Festividades da Semana Farroupilha |
As reduções jesuíticas constituídas entre 1626 e 1641. A introdução do
gado pelos Pe. Cristovão de Mendonça e Pedro Romero, o que resultou nas
vacarias do Mar e dos Pinhais, além do uso do cavalo na lida campesina.
Mais tarde, com o retorno dos jesuítas ao território temos a formação
dos Sete Povos das Missões. Deste segundo momento podemos explorar a
questão da religiosidade, da expansão da erva-mate, as esculturas e a
música (1682 a 1756). Importante estudar a Guerra Guaranítica
(1754-1756) e suas consequencias.
2. A TERRA DE NINGUEM
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O período compreendido entre a chegada dos jesuítas e a chegada dos
portugueses caracterizou-se pela ausência de governo, de regramento e de
organização mínima daquela “sociedade” que começava a aparecer, com
predomínio da exploração do gado e o comércio do couro. Surge aí o tipo
humano denominado “gaudério”, depois batizado de gaúcho. Foi nesse
período que os portugueses instalaram a Colônia do Sacramento (1680), às
margens do Rio da Prata e intensificou-se a movimentação de tropas
entre Laguma e o Sacramento, especialmente pelo litoral. Surge, no
cenário, Cristóvão Pereira de Abreu que é considerado o primeiro
tropeiro. Esse tropeiro abre o primeiro caminho para levar tropas de
gado e mulas do Rio Grande do Sul para a Província de São Vicente, hoje
São Paulo. Era o início do tropeirismo.
3. FUNDAÇÃO DA PROVÍNCIA
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A província de São Pedro do Rio Grande do Sul começa a tomar forma com a
chegada de Silva Paes e a fundação de Rio Grande (Forte
Jesus-Maria-José) – 1737. Aprofunda-se a iniciativa portuguesa de
ocupação do território (também reivindicado pelos espanhóis) com a
distribuição de sesmarias e a organização das estâncias. É a partir daí
que são plantadas as bases sociais e econômicas do Rio Grande do Sul.
Depois de Rio Grande, foi fundado Rio Pardo e, ali, surge a figura de
Rafael Pinto Bandeira e sua atividade militar na defesa do território
contra as invasões castelhanas: Rio Pardo, a tranqueira Invicta.
4. OS AÇORIANOS E A FUNDAÇÃO DE PORTO ALEGRE
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O tratado de Madri (entre Portugal e Espanha) previa a troca da colônia
do Sacramento pelos sete Povos das Missões, o que resultou na Guerra
Guaranítica. Os portugueses planejaram ocupar as Missões com casais de
açorianos e implantar na região uma espécie de colônia agrícola. Os
açorianos chegaram a partir de 1754 e não puderam ser enviados para as
Missões em função da Guerra, permanecendo na região litorânea e nas
proximidades do Porto do Dornelles, fundando o Porto dos Casais, hoje
Porto Alegre, a Capital do Estado. Eles ocuparam, também, as margens dos
rios Jacuí e Taquari, fundando cidades como Triunfo e São Jerônimo. A
agricultura ganhou impulso com os açorianos que se dedicaram ao cultivo
de culturas como o trigo, milho e feijão. Os açorianos influem muito na
implantação da cultura da família (a clã), até aquele momento
praticamente desconhecida pelos habitantes que lidavam com o gado numa
vida sem paradeiro. Dos açorianos temos muito das nossas músicas,
danças, culinária, fé religiosa e modo de vida.
5. ÉPOCA DAS CHARQUEADAS (1780 – 1840)
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A lida com o gado ganha um ingrediente importante a partir das
charqueadas. Essa foi a primeira e mais importante indústria do Estado.
Por largo período o Estado teve nas charqueadas seu motor econômico mais
significativo.É no período das charqueadas que o uso dos rios e lagos
como meio de transporte ganha impulso, especialmente entre Porto Alegre e
Pelotas. A economia passa a depender da força de trabalho dos negros
escravos trazidos para as charqueadas. Foi um período de grande
crescimento econômico, especialmente de Pelotas e Rio Grande, mas também
foi o período triste se analisado do ponto de vista humanitário ou do
direito natural dos homens. Os negros foram tratados como simples
animais nas charqueadas.
6. A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA PROVÍNCIA
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A província de São Pedro do Rio Grande do Sul somente ganha uma
administração própria no ano de 1809. Sob o ponto de vista da
administração pública, esse é o momento em que o Estado adquire
autonomia. A partir da organização administrativa da Província, a
Capital, Porto Alegre, se desenvolve e começa a ganhar contornos de
modernidade com o surgimento de prédios e de uma arquitetura própria.
Outro episódio importante daquele primeiro quarto do século XIX, é o
desaparecimento da província Cisplatina e o surgimento do Uruguai
(1828). Destaca-se para isso a Guerra da Cisplatina. O episodio mais
significativo dessa guerra foi a Batalha do Passo do Rosário, não
somente por ter protagonizado a maior concentração de tropas já vista na
America do Sul, mas pelas suas conseqüências políticas.
7. COLONIZAÇÃO – PRIMEIRA FASE
Imprescindível para a compreensão da identidade regional é reconhecer a
importância da colonização do território por europeus. Primeiro chegam
os alemães. Estabelecidos inicialmente na Real Feitoria do Linho Cânhamo
(1825), hoje São Leopoldo, expandiram-se para o norte e oeste, ocupando
grande parte dos vales. Foram os alemães que implantaram as primeiras
indústrias (artesanato) no território gaúcho. Podemos destacar, além da
culinária, também a música, a dança e o espírito do cooperativismo
trazido pelos alemães. A nova “ética do trabalho” também se deve aos
imigrantes.
7. REVOLUÇÃO FARROUPILHA
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Episódio considerado como marco fundador da identidade regional, a
Revolução Farroupilha teve início em 1835 com a tomada de Porto Alegre.
Vale estudar as causas dessa revolução e o papel que a maçonaria
desempenhou no fomento do conflito. A figura de Antonio de Souza Netto
que patrocinou a proclamação da República Rio-Grandense (1836) merece
ser bem estudada. Bandeira e Hino o hino da República Rio-Grandense
foram uma conseqüência da proclamação de Netto. O episódio da tomada de
Laguna e a criação da República Catarinense (1839) merecem destaque pelo
significado político: os farroupilhas pretendiam implantar no Brasil
uma República Federativa, integrada pelas províncias autônomas. O fim da
revolta no ano de 1845, sem que os objetivos fossem alcançados, mas com
conquistas importantes consubstanciadas naquilo que passou para a
história como Paz de Ponche Verde, assinada nos campos de Dom Pedrito.
8. NA DEFESA NACIONAL
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A tônica da história do Estado foi a defesa do território contra os
interesses castelhanos. A Guerra contra Rosas (1854) é um marco
importante nesse mister. Os mesmos farroupilhas que haviam lutado contra
o Império Brasileiro foram os que defenderam o Brasil contra as
pretensões expansionistas do ditador argentino. A Guerra do Paraguai
(1865) foi outro episódio importante. Os gaúchos formaram vários “Corpos
de Voluntários da Pátria” para a formação do exército da Tríplice
Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), combatendo o Paraguai e seu
ditador Solano Lopes. -Depois da Guerra do Paraguai tem início da
modernização do Brasil e do Estado, com a implantação das estradas de
ferro. Houve a partir de então uma significativa melhora nos transportes
e na integração do território.
9. REVOLUÇÃO FEDERALISTA
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No ano de 1889 instala-se a República Brasileira. O fim do Império dá
início a um novo momento político. No Estado há uma intensa disputa pelo
poder. As figuras de Julio de Castilhos e de Gaspar Silveira Martins
surgem como estrelas da disputa política o que resultou na Revolução
Federalista. A “guerra da degola”. Pica-paus e maragatos mancharam o
território com o sangue dos gaúchos. Duas ideologias, duas facções, dois
interesses convulsionaram o Estado por dois anos (1894-96). No final, a
implantação da administração positivista. No ano de 1892, o Corpo
Policial é extinto e no seu lugar surge a Brigada Militar como um
exército estadual.
10. A COLONIZAÇÃO – SEGUNDA FASE – COMPLETA-SE O GHAÚCHO
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A chegada dos Italianos no ano de 1875 marca a ocupação do último
grande espaço territorial: a serra. Com sua força de trabalho, os
italianos plantam cidades e imprimem um novo ritmo para a economia do
Estado. Culturalmente contribuem com as suas danças, música, culinária,
festas de comunidade e crença religiosa. Nesse período temos também a
chegada de imigrantes Poloneses, Holandeses, ucranianos e outros grupos
que, se não ocuparam grandes áreas, foram e são até hoje importantes
para muitas comunidades do Estado. Neste ano de 2011 comemora-se o
centenário da imigração Holandesa no Brasil. É o ano da Holanda no
Brasil.
11. GAUCHISMO: CULTO E PRÁTICA
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A identidade gauchesca começa a ser estudada, compreendida e difundida,
mesmo que de forma romântica, com o surgimento do Partenon Literário em
Porto Alegre (1858). Foi naquela “confraria” que surgiram os primeiros
escritores e poetas valorizando o gaúcho e sua cultura. Mais tarde surge
a figura de João Cezimbra Jacques que capitaneou a fundação do Grêmio
Gaúcho (1898). Foi essa a primeira iniciativa de organização social,
como um clube, para resgatar e preservar aspectos importantes da cultura
gauchesca. Em seguida foi a vez de João Simões Lopes Neto fundar a
União Gaúcha de Pelotas (1899), seguindo-se uma série de clubes
gauchescos pelo Estado. Foi no ano de 1947 que toda a experiência
acumulada desde o Partenon Literário, que resultou na primeira Ronda
Gaúcha no Colégio Julio de Castilhos, o episódio de 5 de setembro com “O
Grupo dos 8” e, depois, já no ano de 1948 o surgimento do 35 CTG que
deu o modelo seguido por inúmeros outros Centros de Tradições no Estado e
fora dele. Hoje são mais de 3.000 CTGs, espalhados pelo mundo, reunindo
pessoas (gaúchos sul-rio-grandenses e outros gaúchos) cultuando,
valorizando e difundindo a cultura gauchesca e consolidando a identidade
do gaúcho, fruto da sua trajetória histórica. O gaúcho é um tipo
cultural, formado por inúmeras etnias e aspectos culturais herdados dos
índios, espanhóis, portugueses, negros, açorianos, alemães, italianos,
poloneses, holandeses ... e mestiços de toda ordem.
( Fonte : MANOELITO CARLOS SAVARIS -1º VICE-PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DA TRADIÇÃO GAÚCHA. - http://www.semanafarroupilha.com.br/tema.php)